30 / 01 / 15

Feminismo ou femismo? eis a questão!

Toda vez que profiro a palavra FEMINISMO para pessoas que desconhecem a real ideologia, vejo olhares atenciosos e/ou perplexos. Feminista? Como assim? O olhar social aterrorizante está mascarando cada dia mais a legítima luta pela igualdade, sonhos e veracidade do movimento histórico, social e político.

Muitos homens (e algumas mulheres também) costumam afirmar que o feminismo é o inverso do machismo, que preza por uma possível mudança na balança de poder imposta pelo patriarcado. Esse tipo de pensamento por vezes é intencional, visando à manutenção do machismo como algo natural, mas algumas vezes, ele se forma a partir da falta de conhecimento sobre o que realmente é o feminismo, que é na verdade uma vertente de movimentos políticos e sociais, nascida na Europa, por volta do século XVIII, chegando ao Brasil no início do século XX.

(Imagem: Internet)

(Imagem: Internet)

O feminismo busca a emancipação da mulher e também do homem, pois como nos ensina Paulo Freire em seu maravilhoso livro Pedagogia do Oprimido, o oprimido quando se liberta, liberta também o seu opressor, portanto, a mulher se libertando das correntes do machismo, irá também libertar o homem das mesmas correntes. Contudo, existe outra vertente de pensamento que difere do feminismo na forma como esta vê a libertação da mulher, que é o femismo, um neologismo (palavra que não existia anteriormente no português, mas já aceita como nova palavra, geralmente nascida e adaptada a partir de um estrangeirismo) criado para que não houvesse confusão como feminismo, pois são completamente diferentes.

Para o femismo, a libertação da mulher só virá quando a mulher inverter a lógica do patriarcado, construindo uma espécie de sociedade matriarcal, aonde as mulheres detenham o poder, para com isso pagar a dívida histórica que a sociedade patriarcal deixou, criando condições para as mulheres manifestarem sua identidade.

Resumindo, o feminismo é um movimento de libertação da mulher e do homem da sociedade patriarcal, por uma via de diálogo, compreensão mútua, conquista de direitos; e o femismo é uma reparação mais radical contra a sociedade patriarcal. Queria deixar claro, que eu partilho do feminismo, não concordo com o femismo, por acreditar que para que as mulheres se libertam, para que consigam ter o direito a ser mulher da forma como nós acreditamos e não de maneira imposta pelo machismo, libertando os homens também e a partir disso, iremos juntas/os construir uma nova sociedade, baseada em valores humanos e não mais valores apenas do homem.

As femistas assim como os machistas são sexistas. Sexismo acredita que determinado gênero ou orientação sexual é superior ao outro, portanto, esse gênero deve dominar o outro ou ser privilegiado em relação ao outro.

Feminismo em forma viva foi às palavras de Simone de Beauvoir ou as lutas das amigas operárias que originaram o dia da mulher. Essa misandria (ódio, preconceito ou desprezo a pessoas do sexo masculino) nunca fará parte do movimento, nem o sexismo.

O feminismo, é uma luta social constante, na qual nós, mulheres, lutamos pela igualdade de direito, não pelo direito igual. Homens e mulheres são diferentes sim! E devem ser respeitados por suas diferenças.

Então, que viva as diferenças entre os homens e as mulheres! Que aprendamos a somá-las e não subtraí-las! Que aprendamos a respeitar nossas diferenças e tirar delas o melhor, até o dia em que sejamos apenas pessoas, livres, com suas decisões e expressões individuais! E então, já não precisaremos de termos que nos definam…pois eles não conseguirão, eles não submeterão, a liberdade será nossa própria substância.

Elisama Viana - Maceió/AL.

Acadêmica do curso de Direito pelo Centro Universitário Cesmac, vivencia o Direito por um andamento mais zetético, buscando explicações em sua Filosofia, Historia e Sociologia, atualmente em um projeto de pesquisa com seguinte temática: “Direito ensinando a cidadania”; blogueira no site Estação Alagoas, contemplada para estudar a língua francesa pelo Centro Universitário Cesmac, e tomou para si a lide em defesa da Mulher, “Que nada nos defina. Que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância”. (Simone de Beauvoir).

Um Comentário em “Feminismo ou femismo? eis a questão!

Marina
22 de março de 2023 em 17:48

Perfeito!

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