Desigualdade: o lema que alimenta o sistema
Ao falar de sistema, subentende-se automaticamente capitalismo, lógico que ele está contido em cada mazela social, mas, não somente ele será ferrenhamente criticado, o sistema ao qual também refiro, é o individualismo humano, acreditando que ele mantém a desigualdade, a raiz de todos os males, assim alimentando os burgueses e explorando os proletariados.
Desigualdade é tema nítido, contido em vários ambitos sociais, mas, torna-se visível quando saímos da posição de conforto para observamos a condição que o nosso semelhante animal da espécie humana vive, essa temática, como as diversas que abordei, surgiu no transporte publico, presenciei a cena que vem tomando conta do paisagismo de Maceió, os vendedores de água e pedintes no transito, no sol causticante, esquecidos e aniquilados pela sociedade, no outro, os donatários em seus carros de modelos importados, os verdadeiros burgueses que se enoja da outra parte.
As pessoas gritam todos os dias, saem às ruas, por reforma agrária, achando que isso é a resolução do país, nem chegando perto ao idealismo do que seria igualdade social, a classe média, tida em meu contexto a mais fascista e hipócrita, é aquela que da esmola ao pedinte, que faz protestos, mas tem nojo do convívio e da real defesa da classe baixa, lembrando um pouco a Revolução Francesa, uma das revoluções burguesas, no qual a burguesia (comerciantes) juntou-se aos vassalos (servos), e aconteceu o que notamos hoje, a exploração das mãos que seguraram os mesmos lemas de igualdade, liberdade e fraternidade.
Será que conhecemos fraternidade, igualdade e liberdade? Escorraçamos impiedosamente os mais baixos, temos no DNA interesse, cobiça, achamos que para as pessoas serem certas, elas devem obedecer aos nossos padrões, somos os seres que negamos educação, segurança e consciência para os “menos favorecidos”, e depois reclamamos com frases pragmáticas, “Não acredito! sustento aquele vagabundo na cadeia”, na verdade sustentamos milhares deles, com o suor do nosso trabalho na câmara, no senado, na prefeitura, no crescente nepotismo.
Maquinamos diariamente como acabar com o bolsa família, com os programas governamentais de assistência, mas, não lutamos pela dignidade dos outros, estamos bem, estamos em uma parcela de conforto, temos nossos trabalhos, pra que lutar pelo Direito do próximo? Não há motivo de irmos atrás do que não são nossos, eles se virem, que os “vagabundos” trabalhem, sempre esquecemos que para haver aptidão ao mercado de trabalho, temos que ter profissionais qualificados, mas nesse país de desigualdade estrondosa, falar de dar chance a pobre é cinismo e utopia exagerada.
Não defendo o furto, nem roubo, mas os índices nos mostra que os que cometem essa tipificação de crime, são em suma pobres, negros, de classe baixa, o governo na realidade, pune os inocentes no processo, aparentando sempre que a real solução foi essa, reeducação, resocialização, portanto, tem como reeducar e resocializar, quem nunca foi educado ou socializado? Vivemos nessa enganação diária, alimentados pela frasesinha popular “A corda sempre arrebenta no lado mais fraco”.
É tão dolorido, poucos terem tudo, e todos terem nada, o mesmo sistema que cobra, que ordena: consuma, compre, seja escravo, alimente o ciclo, pune as pessoas que não pode alimenta-lo, vivemos no Estado, que se diz democrático, e culpa o cidadão por tudo, vivemos em um país em que as pessoas assistem filmes neoliberais e se emocionam (A procura da felicidade), se você não galgou o sucesso meu caro, A CULPA É SUA!
O contrato social é esquecido pelo individualismo, é fácil e viável culpar os indivíduos, mas olvidar que o contrato foi criado para uma satisfação e organização popular, que abrimos mão de uma parcela da liberdade, do nosso dinheiro, para manutenção da sociedade, isso jamais poderá ser esquecido, não alimentemos burgueses, mas trabalhamos para que o Estado nos garanta uma melhor comodidade, não para culpar e punir as pessoas sempre.
Genuinamente, não há motivo algum para essa preocupação, quem tá no sol, limpando o para-brisa do nosso carro, pedindo esmola no transito, recebendo bolsa família, sem emprego, sem dignidade e moradia são eles, se virem, eu tenho minha casa, meu carrão, e foi fruto de muito trabalho, esses “vagabundos” vão trabalhar também, individualismo é propicio a nós, mantém o luxo burguês, sustenta o sistema, na verdade o que sustenta o capitalismo, é o sonho da classe média e pobre, em um dia virar burguês, “e o rico cada vez fica mais rico, e o pobre cada vez fica mais pobre”.
Dicas de vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=7qFiGMSnNjw
(A história das coisas);
http://www.youtube.com/watch?v=Hh6ra-18mY8
(Ilha das Flores).
(Jean-Jacques Rosseau, baseou a teoria do Contrato Social e escreveu o livro que serviu-me de expiração “Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os Homens”).