Protocolo Estadual de Alagoas para Uso de Canabidiol na Epilepsia Refratária: um marco na política pública de saúde e as perspectivas para doenças complexas
Protocolo Estadual de Alagoas para Uso de Canabidiol na Epilepsia Refratária: um marco na política pública de saúde e as perspectivas para doenças complexas
Por Luiz Guilherme Camargo de Almeida
Médico Nefrologista e Clínico Geral, Conselheiro do CRM/AL, Presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica – Regional AL.
Olá sapiens!
O Estado de Alagoas publicou em 1º de julho de 2025, por meio da Comissão de Avaliação de Tecnologia em Saúde (CATS/SESAU/AL), o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para uso de canabidiol (CBD) em epilepsias refratárias no âmbito do SUS. Com base em evidências clínicas robustas e regulamentações vigentes, o protocolo regulamenta o acesso gratuito e seguro a medicamentos à base de cannabis para pacientes com diagnóstico de Síndrome de Dravet , Síndrome de Lennox-Gastaut e Complexo Esclerose Tuberosa , consolidando um modelo pioneiro de assistência terapêutica no Brasil.
Fundamentação clínica e regulatória
A justificativa para esse protocolo estadual está no histórico de demandas judiciais, na ausência de protocolos padronizados e na publicação da Lei Estadual nº 8.754/2022, que dispõe sobre o acesso universal à terapêutica com derivados da cannabis. O documento segue os critérios da RDC nº 327/2019 da Anvisa e define claramente os critérios de inclusão, exclusão, posologia, produtos permitidos (com até 0,2% de THC), e parâmetros de monitoramento laboratorial e clínico. Entre os principais pontos técnicos, destacam-se: ● Dose inicial de CBD com escalonamento conforme o tipo de epilepsia. ● Acompanhamento obrigatório por especialista com RQE em neurologia, neurocirurgia ou neuropediatria. ● Critérios de suspensão: ausência de resposta ≥30% em 6 meses, hepatotoxicidade ou piora clínica. ● Exclusão de epilepsias de outras causas, menores de 2 anos e gestantes. A iniciativa é respaldada por literatura internacional de alta qualidade, incluindo ensaios clínicos randomizados com canabidiol purificado (Epidiolex®), e adapta protocolos já praticados em estados como Sergipe.
Avanço sanitário e ético