18 / 12 / 12

Atriz monta teatro na garagem de sua casa

Anette Naiman usou o espaço da garagem de sua casa para construir o próprio teatro.

Anette Naiman era uma criança mentirosa. Às amigas, diziam que, no sótão de sua casa, havia uma caixa-preta com muitos brinquedos. Mas, na realidade, o que existia era apenas a fantasia de uma criança. O tempo passou, a menina Anette cresceu e fez do ato de fingir sua profissão. Virou atriz. Hoje, com 36 anos, ainda diz aos amigos que, em sua casa, há uma caixa-preta com muitos brinquedos. E há: Anette construiu um teatro, todo preto, na sua garagem. Tornou realidade a caixa-preta da infância.

A história do teatro na garagem

Anette é carioca, judia e, desde sempre, atriz. Aos 9 anos, ficou órfã de mãe e, aos 16, se mudou para São Paulo. Após perder o pai, pianista,mudou-se para Israel a trabalho e recomeçou a vida. Morou em um Kibutz, foi tradutora, faxineira, garçonete. Adulta, voltou ao Brasil, conheceu seu marido, casou-se e teve seu primeiro filho.

Em 2000, grávida do segundo filho, Anette resolveu construir, acima da garagem, uma sala de bagunça para as crianças. Iniciada a reforma, o engenheiro percebeu que, na frente desta sala, seria necessário um degrau por causa do portão, localizado logo abaixo. A atriz concordou. “Concluída a obra, percebi que aquele degrau poderia se transformar no meu palco e que aquela sala, grande e escura, poderia ser meu ambiente de trabalho, o meu teatro”, conta.

Quatro anos mais tarde, ela estava encenando Lygia Fagundes Telles na sua própria casa. Surgia o teatro na garagem, o teatro-secreto, a caixa-preta de Anette, com capacidade de receber até 30 espectadores.

Mãe-atriz, pai-bilheteiro e filhos-contra-regras.

Ter um teatro dentro de casa acabou aproximando toda a família do mundo das artes. Nos ensaios, os filhos começaram a palpitar, fato que fez com que a mãe os chamasse de contra-regras. O marido, além de patrocinador das peças, desempenha um papel fundamental na hora das apresentações: fica no andar de baixo, vendendo os bilhetes.

Na hora da performance, ele recebe os clientes – geralmente amigos e conhecidos – na garagem, pintada com mensagens de espectadores. Anette conta que, quando chegam, muitos pensam que a peça será encenada ali mesmo. Surpreendem-se ao subirem e se depararem com a caixa-preta-teatro. E não é para menos: o espaço possui cenário, iluminação e camarim, como um teatro comum.

Em março estreou um novo espetáculo, baseado no texto de Hilda Hilst: “Happeningaragem apresenta: Baladas, de Hilda Hilst”. E a retomada do repertório: Os Imprestáveis, estreou em 13 de abril. Quem quiser conferir, deve procurar a casa da atriz na Rua Silveira Rodrigues, 331, na Lapa, em São Paulo, tel. (11)99122-8696.

Texto de Marcel Verrumo, adaptado.

Fotos Katia Lombardo.

Adriana Maroquio - São Paulo/SP

Nascida em Curitiba (PR), é, por formação, professora e pedagoga, onde teve vários projetos na área de educação primária aplicados na rede pública de ensino. Foi empresária na cidade. Mudou-se para São Paulo em 2007, e desde então trabalha com fotografia. Atualmente, é colunista da Seven Days e L'Officiel Style.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *