15 / 04 / 11

God Save the Queen!

Fotos: divulgação

Olá, amigos leitores!

A matéria de hoje se refere à comemoração dos 40 anos da fundação de uma das maiores bandas de Rock do mundo: o Queen!

Roger Taylor e Brian May (atrás), Freddie Mercury e John Deacon

Roger Taylor e Brian May (atrás), Freddie Mercury e John Deacon

Há exatamente 40 anos, Freddie Mercury (Voz), o extraordinário Brian May (Guitarra), Roger Taylor (Bateria) e John Deacon (Baixo), formaram o grupo que mudaria a história do Rock mundial. Como toda boa banda, seus integrantes se conheceram no colégio, o Imperial College, em Londres. No começo, o Queen foi muito atacado pela crítica por seu estilo, que, desde cedo, e pela liderança de Freddie Mercury, se utilizava de movimentos teatrais, e isso incomodava os puristas do mundo do Rock. Mas a cada novo álbum, o grupo ia conquistando mais fãs, e seus discos eram cada vez mais vendidos, chegando a alcançar a marca de 18 no topo das paradas de sucessos. Até hoje, o Queen alcançou um número expressivo em vendas, e no mundo fonográfico, esses números chegam aos 400 milhões de cópias vendidas. Vocês conseguem imaginar 400 milhões de discos vendidos em todo o mundo? A fortuna que o Queen acumulou nesses 40 anos de carreira? O lucro que eles deram aos executivos de sua gravadora, com tantos discos vendidos?

Todos os quatro eram músicos muitos bons, disciplinadíssimos, mas o destaque mesmo sempre foi de Mercury, um líder nato. Sem fazer nenhum esforço, Freddie passava para seus companheiros o que achava que seria o caminho do sucesso. Uma vez, em uma de suas milhares entrevistas, disse: “Eu não vou ser uma estrela, eu vou ser uma lenda”; e ele estava certo. Mesmo sem modéstia alguma, ele estava completamente certo. Era o líder! Sabia o que queria, aonde o grupo poderia chegar. Tinha o caminho do sucesso em sua veias.

Tenho boa lembranças do Queen, porque tive a honra de tocar no primeiro “Rock in Rio”, em 1985, o inesquecível festival de Rock aqui no Brasil, e a produção dos estrangeiros era sempre truculenta, com seus roadies (os montadores de palco) arrogantes, não nos deixando chegar perto do palco;  e seus seguranças, que seguiam as mesmas ordens, eram super antipáticos, grosseiros e bem mais truculentos. Mas o Queen não. Como toquei no dia 18, mesmo dia que eles, e meu camarim ficava perto do de Brian May, em um momento, nos encontramos no corredor, nos cumprimentamos, e ele, como bom inglês, conversou comigo e acabou me perguntando se eu gostaria de conhecer o palco, de ver o equipamento que eles estavam usando. Eu, prontamente, disse que sim, e quando cheguei lá, pude ver toda aquela estrutura de palco, equipamentos pesados, de última geração, e não pude deixar de notar a “parede” de amplificadores da marca Vox que Brian usava. Cheguei a contar: eram três andares de quatro amps cada, totalizando doze Vox, apenas para a guitarra. Se vocês pegarem a capa do disco dos Beatles, “Beatles 65”, por exemplo, verão que cada um deles usava apenas um Vox, mas isso tinha sido há muito tempo. Ficamos ali, Brian e eu, conversando, e eu, constatando bem de perto aquela verdadeira usina de som que o Queen produzia. Foi um fim de tarde inesquecível para mim.

Ao todo, em sua carreira, o Queen chegou a fazer 700 shows pelo mundo. E mesmo com o fim do grupo, o sucesso continua. Como prova disso, o musical “We Will Rock You” está em cartaz no circuito Londrino desde 2001, e, até hoje, chegou à marca de 12 milhões de ingressos vendidos. Além disso, os discos do grupo não param de vender, suas músicas na internet também não, assim como os ringtones, que são uma realidade hoje, no mercado. Enfim, os cofres da banda continuam a ficar cada vez mais cheios.

O que o Queen representa para seus fãs, mundo afora, e também para os empresários e executivos de sua gravadora, não tem limites, é imensurável. E o aniversário de 40 anos da banda está sendo comemorado à altura. A história do começo de tudo, quando ainda nem eram conhecidos, e das dificuldades que toda banda de Rock passa, está sendo contada na exposição “Stormtroopers in Stilettos: The Early Years”, que acabou de passar por Londres, e agora vai percorrer vários países do mundo. Para a nossa grata surpresa, o Brasil está na lista. Há uma boa notícia também para colecionadores de discos, como eu, que preferem o produto, o disco, com sua arte maravilhosa de capa, e um som mais poderoso do que os aparelhos de MP3 podem fornecer: os cinco primeiros álbuns serão relançados remasterizados, e chegarão às lojas no fim deste mês. Em cada disco, há gravações “extras” como bônus, além de dois discos de “Greatest Hits”, que contêm seus maiores sucessos. Os executivos planejam ainda um lançamento genial para quem não tem todo o acervo da banda, que é um lançamento de três compilações do lado B, ou seja, aquilo que não estourou nas rádios, mas que é sempre bom de ouvir, para quem é fã. Melhor, impossível!

Comenta-se, também, que Hollywood começa a organizar as filmagens da biografia de Freddie Mercury, escrita por Peter Morgan, que filmou “A Rainha” e “Frost/Nixon”. E não para por aí. Na TV, a BBC está preparando, para o mês de junho, um documentário com entrevistas de Brian May e Roger Taylor.

Uma usina de som chamada Queen

Uma usina de som chamada Queen

O que estaria fazendo hoje essa banda espetacular de Rock, se Farookh Bulsara (o verdadeiro nome de Freddie Mercury) estivesse vivo, esse cantor que nasceu em Zanzibar, na Tanzânia, e mudou-se para Londres com o único objetivo de estudar moda? Eu, pessoalmente, sempre achei o Mick Jagger, do Rolling Stones, um ícone do Rock, um líder, e com a idade que tem hoje, Mick é dono de um condicionamento físico invejável, ainda mais se formos nos lembrar que, até o fim dos anos de 1980, e isso não é novidade para ninguém, os Stones consumiam drogas em quantidades industriais; e, mesmo assim, Mick esbanja energia até hoje, embora eu deva admitir que, quando assisti ao show do Queen ao vivo, no Rock in Rio, vi que ali, na linha de frente da banda, estava um dos maiores cantores de Rock de todos os tempos. Freddie conduzia a plateia ao delírio! E a respeito de técnica vocal, sempre foi um excelente cantor, como provou na maravilhosa gravação que fez junto a excepcional cantora lírica Montserrat Caballé, chamada “How Can I Go on”. Se quiserem assistir o videoclipe: http://youtu.be/f8dkUwidT2o

Isso tudo, toda essa história, foi muito na vida de Freddie Mercury, que costumava ser apenas um vendedor de roupas e bugigangas no baladíssimo mercado do bairro de Kensington, até ter a sorte de cruzar com Brian May e, juntos, pensarem em formar o Queen, assim como quem diz: “Que tal formarmos uma banda?”
Acho que foi uma boa ideia, não foi, amigos leitores?

Mas a sorte parecia estar ao lado desses meninos, porque os frequentadores da feira em que Freddie vendia suas roupas eram nada mais, nada menos, que David Bowie, Jimmy Page (ex-Led Zeppelin), e os Rolling Stones. Com essas amizades, a música começou a falar mais alto para Freddie e May, e Mercury acabou abandonando o sonho da moda pela sua obsessão com o Rock. Em recente entrevista, Roger Taylor disse que Freddie assistiu a 14 noites seguidas de shows do Jimi Hendrix. Isso, com certeza, deve ter transformado ainda mais seu modo de pensar em fazer música.

O guitarrista Brian May tem um acervo riquíssimo de muito do que se sabe sobre o Queen. Para um mercado muitas vezes descartável, a “Rainha” teve muito mais do que gostariam seus músicos, mas não Freddie Mercury. Esse, parece-me, foi predestinado ao sucesso até a sua morte, em 24 de novembro de 1991, decorrente da Aids.

O valor que o grupo tem para seus fãs é inestimável, e sua música ficou marcada para sempre. No mundo inteiro, vocês encontrarão fãs do Queen. Quem gosta do verdadeiro Rock vai gostar deles e ouvi-los eternamente. Então, nas comemorações de 40 anos da banda, eu desejo parabéns! Já podemos soprar as velinhas e ouvir o som do champagne estourando. Parabéns para vocês, e “God Save the Queen!”

Beijos, abraços, e até a próxima, amigos.
Beto Saroldi

Beto Saroldi - Rio de Janeiro/RJ

Saxofonista, compositor e produtor musical, começou sua carreira em 1975 com Eduardo Dusek e desde cedo foi muito requisitado nos estúdios, gravando com Fafá de Belém, Zizi Possi, Capital Inicial, Barão Vermelho, Gilberto Gil, Toquinho, Lulu Santos e muitos outros astros da MPB. Fez parceria com Erasmo e Roberto Carlos, tocou com Wagner Tiso & Lô Borges e ainda pertenceu a "UmBandaUm" de Gilberto Gil, fazendo turnês pelo Brasil, EUA, Europa, América Central e Oriente Médio.

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