23 / 05 / 11

BMW Jazz Festival

Imagens: divulgação

Meus caros amigos!

Temos um bom motivo para comemorar, porque finalmente o Jazz está de volta aos palcos brasileiros. Os amantes do Jazz terão uma programação intensa em São Paulo e no Rio de Janeiro, pois está confirmada a edição do BMW Jazz Festival. Não poderíamos ter notícia melhor para embalar as noites de outono.

Grande fã do gênero, o diretor presidente do BMW Group Brasil, Henning Dornbusch, convidou a Dueto, da produtora e cineasta Monique Gardenberg, responsável pela concepção dos extintos Free Jazz e Tim Festival, para fazer a direção artística e produção do evento. Ela, por sua vez, se cercou de seu fiel time de colaboradores/curadores: o jornalista Zuza Homem de Mello, o músico e produtor musical Zé Nogueira e o produtor musical Pedro Albuquerque. A ideia de realizar o festival no Rio sempre fez parte dos planos da BMW, mas só se tornou possível graças à entrada da patrocinadora máster, BMW Serviços Financeiros, e dos co-patrocinadores Semp Toshiba, Omint e Columbia Logística.

Em São Paulo, o BMW Jazz Festival, acontece nos dias 10, 11 e 12 de junho, um evento completo que trará, além de apresentações musicais, exibições ao ar livre de filmes sobre Jazz e workshops. Imperdível para quem é fã desse estilo musical.

O evento acontece no Auditório Ibirapuera, e contará com a presença de nomes de destaque no cenário internacional, como a diva da Black Music Sharon Jones, acompanhada do grupo The Dap Kings – que ficou conhecido mundialmente ao gravar o disco “Back to Black”, de Amy Winehouse -, o saxofonista veterano Wayne Shorter e o baixista Marcus Miller.

A musa Sharon Jones

A musa Sharon Jones

Serão dez apresentações ao todo: Joshua Redman e Billy Harper; a Orkestra Rumpilezz, do talentosíssimo músico Letieres Leite (principal representante da música brasileira no line-up do festival), que mistura jazz e ritmos afro-brasileiros, em formato de big band; a Funk Off Brass Band, banda marcial italiana de sopro e percussão; o grupo Madison Bumblebees of Winnsboro, diretamente da Carolina do Sul; o contrabaixista Renaud Garcia-Fons; o pianista norueguês Tord Gustavsen; entre outros.

O espaço, onde antes funcionava a cantina do auditório, no subsolo do edifício, se transformará em um clube para receber, a partir das 19 horas, algumas atrações brasileiras.

Partimos para o Odeon, Mauro, o baterista da UmBandaUm, Wilson Meirelles e eu, e lá assistimos uma verdadeira usina de som, com uma mistura de Jazz, Rock & Soul Music, muito bem produzido por Wayne, com seu sax espetacular, e pelo incrível tecladista austríaco Joe Zawinul. Pelo que me lembro, foi um dos primeiros shows do Weather, sem a genialidade do grande baixista Jaco Pastorius, que tinha acabado de falecer prematuramente, em Nova York, por conta do abuso das drogas. Eu tive a sorte de assistir o Weather ainda com Jaco aqui no Rio, no Monterey Jazz Festival. E o Weather, aquela noite, simplesmente “arrebentou” com o Festival,e deixou todos nós, que estávamos no Maracanãzinho, de boca aberta; e confesso que Jaco Pastorius roubou a cena, em um solo de baixo, até então, inédito. Noite inesquecível. Mas voltando a Londres, foi uma noite fantástica. Depois de pouco mais de duas horas de show, que começou pontualmente às 19h30 (coisa de inglês), saímos do Odeon e Mauro, que já morava em Londres há um bom tempo e conhecia bem a cidade, nos levou para jantar num restaurante indiano muito chique. Terminamos a noite bebendo, degustando pratos apimentadíssimos e batendo um ótimo papo.

Wayne Shorter, o homem por trás do sax do Weather Report

Wayne Shorter, o homem por trás do sax do Weather Report

Sabe uma coisa que me chamou muito a atenção? O horário dos shows em Londres. E achei aquilo muito bom, diferente e totalmente seguro. Tanto no show do Weather Report, quanto nos shows que fiz com Gilberto Gil – todos foram às 19h30. Sensacional. Boas lembranças.

No Rio de Janeiro, o BMW Jazz Festival acontece nos dias 13 e 14 de Junho, e a primeira noite será reservada a dois grandes saxofonistas, tenores de diferentes gerações. Wayne Shorter, músico lendário surgido nos anos 1960, que fez parte da banda de Miles Davis, e fundou o extraordinário grupo de Jazz Fusion, o Weather Report, e é considerado por muitos o maior compositor vivo do Jazz. Wayne vem com o seu quarteto, formado por alguns dos melhores instrumentistas da atualidade: Danilo Perez, no piano, John Patitucci, no baixo, e Terri Lyne Carrington, na bateria.

Miles Davis

Miles Davis

Eu tive o privilégio de conhecer Wayne Shorter em uma de muitas viagens que fiz com Gilberto Gil. Ficamos hospedados no mesmo Hotel em Londres. Assim que cheguei na cidade, meu amigo, que fazia medicina em Londres, hoje um médico famoso no Rio de Janeiro, o Dr. Mauro Schechter, tinha me deixado um recado na recepção do Hotel, dizendo que já tinha ingressos comprados para assistirmos o Weather Report no Odeon. Mal podia acreditar. Foi chegar ao quarto, tomar um bom banho, me trocar, e descer para encontrar Mauro.

Depois de ter voltado no tempo, escrevendo aqui, em meu estúdio, para os amigos leitores, devo dizer-lhes que antes da apresentação de Wayne Shorter aqui no Rio de Janeiro, no BMW Jazz Festival, sobe ao palco o premiado saxofonista californiano Joshua Redman, filho do músico Dewey Redman, que vai poder mostrar por que é tido como um dos mais importantes artistas do gênero lançados na década de 1990.

A noite seguinte receberá uma diva do Soul e grande representante do Jazz Fusion. Dona de uma voz poderosa, Sharon Jones foi descoberta tardiamente, depois de anos trabalhando como agente penitenciária e guarda de carros-fortes. Ela chega acompanhada de seu grupo, The Dap Kings, que ganhou reconhecimento mundial ao gravar seis das onze faixas de “Back to Black”, disco de maior sucesso de Amy Winehouse. Fiéis ao autêntico Soul e R&B dos EUA, Sharon Jones & The Dap Kings apresentam a turnê de seu quarto disco, “I Learned the Hard Way”, que chegou ao 15º lugar da parada Top 200 da Billboard e já superou a marca de 150 mil cópias vendidas.

Arte da capa de "I Learned the Hard Way", de Sharon Jones & the Dap Kings

Arte da capa de "I Learned the Hard Way", de Sharon Jones & the Dap Kings

A abertura ficará por conta do genial compositor e baixista americano Marcus Miller, que promove um tributo a Miles Davis com o celebrado projeto “Tutu Revisited”, onde faz uma releitura do seminal álbum do trompetista lançado em 1986, “Tutu”, onde Marcus Miller tocou diversos instrumentos e foi o principal compositor.

Marcus Miller

Marcus Miller

Agora, com a programação em mãos, os amigos leitores poderão optar pela escolha das atrações, e os que estiverem fora do eixo Rio/São Paulo já terão um bom motivo para uma viagem de sons, sofisticação harmônica, improvisação e diversão garantida! Tudo isso em nome da cultura! A cultura da boa música!

Beijos, abraços, e até a próxima.
Beto Saroldi

Beto Saroldi - Rio de Janeiro/RJ

Saxofonista, compositor e produtor musical, começou sua carreira em 1975 com Eduardo Dusek e desde cedo foi muito requisitado nos estúdios, gravando com Fafá de Belém, Zizi Possi, Capital Inicial, Barão Vermelho, Gilberto Gil, Toquinho, Lulu Santos e muitos outros astros da MPB. Fez parceria com Erasmo e Roberto Carlos, tocou com Wagner Tiso & Lô Borges e ainda pertenceu a "UmBandaUm" de Gilberto Gil, fazendo turnês pelo Brasil, EUA, Europa, América Central e Oriente Médio.

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