02 / 02 / 13

Miramar Mangabeira a história de uma Diva no Dia de Yemanja

Coisas de uma diva da voz da falange das ondinas, neste 2 de fevereiro de 2013, dia sagrado da Deusa dos Mares, que ela herdou parte de seu nome Mira-Mar ! Nada mais justo, que fossem realizados os cerimoniais da data e de seu retorno ao útero, Salvador, sua terra natal

Estamos na cidade do Rio de Janeiro, final de 2012, lembrando dos últimos Reveillons que passamos ali, depois daquele papo sonoro com uma das vozes mais aveludadas do Brasil, observávamos ao longe no profundo mar Atlântico e o barquinho vai e à tardinha cai no vai e vem do calçadão da Av. Atlântica, da janela do apartamento onde ela  morava senti que a entrevista seria exatamente em duas partes, como na letra da música : …”Eu vim da Bahia, mas eu volto pra lá… mas algum dia eu volto pra lá!” .

Acho que  podemos ter uma idéia, vamos  sincronizar as datas desde o dia desta entrevista, até o dia em que foi iniciada na sua cantoria de “moça bonita”… feito uma personagem de Jorge Amado cantada por Dorival Caymmi prestes a estrelar seu “debu” artístico, inclusive, na grande mídia televisiva: “…foi no Festival MPB 80, foi… minha primeira incursão de cara na TV Globo… apadrinhada por Noca da Portela, um querido…e uma grande honra… que me levou na Gravadora K-tel para uma reunião com o Presidente que estava procurando uma cantora baiana para defender a musica FALABÁ do compositor baiano Valter Queiróz,  tudo foi muito incrível, masvoltei para a Bahia para estudar na UFBA, depois dei continuidade na UFPB-Administração.  Recomecei pra valer lá em 83 quando fui para o Rio de Janeiro como Caetano, Gil, Gal, Bethânia, e todos que saíram daqui em busca do reconhecimento e claro totalmente inspirada na coragem deles !”, sempre muito irradiante ela relembra de tudo nos mínimos detalhes.

Esta filha da Bahia, nascida no Rio Vermelho, vem de uma família de importantes políticos como Otávio Mangabeira e João Mangabeira, bisneta de Carlos Mangabeira, irmão do Otávio, que foi Prefeito em Pelotas no Rio Grande do Sul, tendo uma rua ali com o seu nome;  inclusive para primeira vez vamos fazer lembrar de sua arvore genealógica “sócio-político”, pelo brilhantismo  para o Estado da Bahia, ela é sobrinha bisneta  do grande filho destas terras Octavio Mangabeira (*nota abaixo)

Em 1988 foi para Washington – DC, amadrinhada pela Rainha do Rádio Emilinha Borba, para fazer 2 shows e fez 18, ficando lá por um bom tempo, onde cantou no Teatro Nacional de W. DC, foi Rainha da Carmen Miranda Samba School-W. DC, fez o Carnival Ball do Hilton de Chicado, para 2.500 pessoas, cantou no Festival Latino de W. DC, cantou como única “Brasileira” no show em Tributo a Martin Luther King.  Voltou ao Brasil no inicio dos anos 90, para gravar “Pedra 90” um discão vinil, o famoso “longplay”,  com produção do Carlos Colla, fez vários programas de televisão como Angélica, Bolinha, Chacrinha, e muitos outros. Como já tinha portas abertas nos USA  foi convidada para voltar, onde passou algum tempo, fazendo shows em vários teatros como SOB de Miami, Scorpius de N.Y, Clube Português de Long Island, Clube Português de Boston, entre outros e lançou  um cd pela Seven Queens – selo independente, em 1995 com o título  “Vôo Livre” onde interpretou em 5 idiomas, a saber- francês, italiano, inglês, espanhol e português, que não foi lançado  no Brasil.

Estando na “Terra Brasilis” já em 2000, fez alguns shows, como o no Othon Pálace de Copacabana e em 2003 se apresentou no Teatro João Caetano, com o cd independente, “Canta Brasil”  dirigida pelo saudoso Ivan Setta e produzida por Sérgio Hours. Depois chegou ao Teatro Rival  exatamente cantando nos 100 anos de Ary Barroso, uma honra para  a cantora e por seu timbre uma simbiose musical, fez mais outros  shows, sempre em teatros, como SESC de Madureira,  o Teatro Vinícius, em 2005 onde lançou o cd independente “Bossanovando”, cantando bossa nova :… “fiz vários outros shows menores, continuando a carreira, a dádiva que Deus Pai Todo Poderoso criador do céu e da terra e da minha Mãe e Deusa Yemanjá me deu de ser cantora, mesmo com todas as dificuldades em patrocínios, do nosso país… depois cantei Carmem Miranda, com o Cd independente que lancei “Festejando Carmem” no show que fiz pelos 100 anos da Carmem em 2009, acompanhada da bando do Bola Preta, no próprio museu Carmen Miranda (onde já havia cantado antes, sob a direção do saudoso Cássio Barssante) com  palestra do Ruy Castro sobre o livro da Carmen e seu depoimento sobre a minha interpretação e vim nessa trajetória, até o momento fazendo sempre vários trabalhos, independente de mídia, me tornando meio “cult”, com um público que me acompanha, simplesmente com meu trabalho boca a boca, ou seja sem crises aflitivas por mídia estrondosa… Quando em 2010 adentrei no palco do Teatro Ipanema, fui cantar naquela praia…com o Show “Kolofé Bahia” totalmente homenageando a minha terra , junto ao cantor Marcellus Villaça, ficando em cartaz todo o mês de agosto.

No ano de 2011 fez o Show “cantando Ary Barroso e Emilinha Borba”, no Teatro Baden Powell , dirigido por Cláudio Filiciano. Durante  todo 2012, engajou na  campanha por uma estátua da Carmen Miranda na cidade do Rio de Janeiro, como conseqüência foi convidada a cantar Carmen Miranda  no Quiosque Globo Rio, em Copacabana. A Estátua  já aprovada pelo Prefeito Eduardo Paes será inaugurada em julho deste Ano do Brasil em Portugal. Ano passado, começou e preparar repertório e deu aquela vontade de quem tem mãe quer colo, voltar para casa em Salvador na Bahia porque lá não é de um não, mas de Todos os Santos!disse ela pela vitória do atual Prefeito de Salvador, com quem esteve duplamente parabenizando, em seu aniversário, na Igreja da Irmã Dulce-largo de roma-cidade baixa

Suave, agora morando no Porto da Barra, me fala ao telefone que está literalmente de volta ao útero materno dualmente; primeiro, estar com sua mãe iluminada e protetora, Eglysan Mangabeira Costa e segundo, de retornar a terra mãe. estou neste momento morando em Salvador, revendo amigos, ouvindo musicas, estudando repertório estou nas forças do mar mergulhando com um fôlego apaixonado de marinheira de muitas viagens, de volta ao porto…

Ela canta a música lindamente, pelo telefone, e diz que foi convidada  para
estar no dia 2 de fevereiro no Camarote ODOIÁ  em frente a casa de Yemanjá…. Salve, salve suas bênçãos nossa mãe…A boa filha retorna a casa!

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Octavio Mangabeira, nascido em Salvador no ano de 1886 , foi um engenheiroprofessor e político brasileiro e irmão do médico e poeta  Francisco Mangabeira e do político e escritor João Mangabeira. Formou-se na então Escola Politécnica, onde mais tarde veio a ser professor de Astronomia. Já em 1908 elege-se vereador da capital, iniciando assim uma longa carreira política que rendeu-lhe dois exílios. Em 1912 é eleito deputado federal  e, em 1926, no governo Washington Luís, ministro do Exterior. Em 1930 é eleito para a Academia Brasileira de Letras, mas é exilado, voltando somente em 1937. O Estado Novo força-o novamente a exilar-se, retornando apenas com a redemocratização, elegendo-se deputado constituinte em 1945, tendo sido o vice-presidente da Assembléia pela UDN – partido do qual foi um dos fundadores e primeiro Presidente, elegendo-se em seguida governador da Bahia.

Tomando posse a 10 de abril de 1947, exerceu o governo até 31 de janeiro de 1951 – primeiro governador eleito após os anos da Era Vargas. No seu secretariado, buscou Mangabeira resgatar as maiores inteligências da Bahia, como Secretário de Educação, Anísio Teixeira; Interior e Justiça, Albérico Fraga; Agricultura, Nestor Duarte; Dantas Júnior, Ives de Oliveira, dentre outros.

De seu governo é a construção do imponente Fórum Ruy Barbosa – sede do Tribunal de Justiça da Bahia, o   reflorestamento de Maracás e do Rio Jequiriçá;  na área educação, a construção do maior e mais revolucionário projeto educacional da História do Brasil: o Centro Educacional Carneiro Ribeiro , conhecido por Escola Parque, no mais pobre e populoso bairro da Capital – a Liberdade – concretizando as idéias do educador Anísio Teixeira para uma educação em tempo integral, décadas depois resgatadas em projetos como CIACCIEPs, e outros.

Após o governo é novamente deputado federal e, em 1958, elege-se senador, falecendo durante o mandato

Texto: Leonel Ribeiro

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