08 / 07 / 14

Voto facultativo: refúgio político e comodismo nacional

Voto facultativo: refúgio político e comodismo nacional

“Eu quisera nascer em um país em que o soberano e o povo só pudessem ter um único e mesmo interesse, a fim de que todos os movimentos da máquina tendessem sempre unicamente à felicidade comum; com isso só poderia ser feito se o povo e o soberano fossem a mesma pessoa, resulta que eu quisera nascer sob um governo democrático, sabiamente moderado”. (Jean-Jacques Rosseau/ Discurso sobre a Origem e Fundamentos da Desigualdade entre os Homens).

Rosseau em 1754 obteve uma visão bem futurista, que sempre houve uma hierarquia a ser seguida, que a desigualdade social começa no lugar que deveria ser combatida, mas sempre aceita e correspondida pela cordialidade brasileira, pelo comodismo político-jurídico, vamos seguindo, nesse martírio sem fim, alimentado pela nossa nação desinformada, desumana, interesseira e excessivamente egocêntrica.

Primeiro definindo cordialidade temos: “Brasil é uma sociedade onde o Estado é propriedade da família, os homens públicos são formados no círculo doméstico, onde laços sentimentais e familiares são transportados para o ambiente do Estado”. (Sergio Buarque de Holanda), será que o interesse não é propicio aos seres humanos? Nada vejo de errado na cordialidade brasileira se não fosse apenas a afabilidade com as pessoas, quando transpassado para o estado, é totalmente letal e destrutível.

Nos últimos dias, presenciamos a proposta de uma reforma política, e entre os “tópicos” assuntos mais tocados, é sobre o voto facultativo, é bem nítido e vergonhoso para uma nação que se diz extremamente democrata, que lutou por um governo do povo, se recusar ir às urnas, se nós não formos votar os considerados pré-conscientes, nossos candidatos serão eleitos 100% pela cordialidade e pelo cabresto (curral) eleitoral que sempre houve, não queira tirar folga no dia da eleição, exerça sua cidadania.

Voto facultativo: refúgio político e comodismo nacional

Além de ser algo extremamente “jeitinho brasileiro”, o voto facultativo vem tomando ênfase na “boca” dos políticos, assunto mais comentado e apoiado no senado, pessoas que defendem o voto facultativo, diz que isso é  a única solução para que haja uma real reforma política, mas se eu e você não formos votar, sempre terá quem vá, por 50 reais, pela cesta básica e pelos familiares, serão escolhidos os futuros representantes da nação.

Somos o país governado por homens cordiais (agem ao comando do coração, sentimento), que vemos todos os dias casos de nepotismo, e queremos simplesmente recursar a nossa arma, que não pode ser tão ávida, mas, é nosso comando de amedrontamento político, estranhamente, ninguém, fala de reformulação para que os alfabetizados, só eles pudessem votar, ou para que houvesse palestras incentivando e exaltando a importância do voto.

Voto é suado, foi guerreando, é salário dos justos e refúgio dos corruptos, não deixe de exercer seu Direito, não quebre parte da constituição, de um voto secreto, direto, universal e periódico, se votamos temos de onde cobrar, caso contrário quem não faz nada, não pode reclamar, a “nossa piscina está cheia de ratos” (Cazuza), jamais podemos deixar a praga expandir-se.
Em 2014, votar será questão de corresponder, corresponder às manifestações que clamavam por mudanças, e podiam reclamar, porque votar é dar confiança a alguém a administrar algo que é nosso, e leve a imagem da nação com honra e zelo, der seu voto consciente, conheça as propostas, não fuga, “Verás que o filho teu não foge a luta”, não recuse-se de corresponder seus ideais, der seu voto de confiança a democracia, ao seu Direito, a quebra do vergonhoso jeitinho brasileiro, ao fim do seu comodismo, e assim caminharemos rumo a nação formada por cidadãos justos, conscientes e atentos ao que é de verdade reforma política. Brasil! Um país de todos ou país dos bobos?

Elisama Viana - Maceió/AL.

Acadêmica do curso de Direito pelo Centro Universitário Cesmac, vivencia o Direito por um andamento mais zetético, buscando explicações em sua Filosofia, Historia e Sociologia, atualmente em um projeto de pesquisa com seguinte temática: “Direito ensinando a cidadania”; blogueira no site Estação Alagoas, contemplada para estudar a língua francesa pelo Centro Universitário Cesmac, e tomou para si a lide em defesa da Mulher, “Que nada nos defina. Que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância”. (Simone de Beauvoir).

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