EXCESSO DE PROTEÍNA PREJUDICA OS RINS? por Fernando Querne

Excesso de proteína prejudica os rins?

Vamos entender de onde vem essa crença.

Há muito tempo a literatura científica já demonstrou que em pessoas com algum grau de insuficiência renal, o consumo aumentado de proteínas piora ainda mais o funcionamento dos rins. Em indivíduos saudáveis, a maior ingestão de proteínas provoca aumento na taxa de filtração glomerular, então se imaginou que seria um risco também para as pessoas com função renal normal.

Atualmente já temos diversos estudos que acompanharam, por longos períodos de tempo, pessoas normais que se alimentavam com grandes quantidades diárias de proteínas. E felizmente para nós “marombas” esses estudos mostram que para pessoas com função renal normal, o consumo aumentado de proteínas não traz nenhum risco. O aumento na taxa de filtração glomerular é um mecanismo fisiológico, ou seja, uma adaptação dos rins que não implica em nenhum prejuízo ao seu funcionamento.

Portanto, as proteínas tanto da alimentação quanto da suplementação podem ser consumidas sem medo, pois não existe nenhuma evidência que o excesso cause perda da função renal. Exceção apenas para as pessoas que já têm função renal diminuída.

Dietas ricas em proteínas podem trazer algumas conseqüências desfavoráveis. Elas causam redução do pH urinário, aumentando a chance de formação de cálculos renais. O consumo de proteínas de origem animal pode favorecer crises de gota (depósito de cristais de ácido úrico nas articulações). Importante lembrar que essas duas condições só ocorrem em indivíduos que já apresentam predisposição.

Outro aspecto interessante é que dietas hiperproteicas freqüentemente são utilizadas para perda de peso por pessoas obesas, pois como aumentam a termogênese, funcionam muito bem. Estudos recentes mostram que a obesidade não tratada e a síndrome metabólica aumentam em até 80% a chance de desenvolver doença renal. Então, ao tratar a obesidade e diminuir os níveis glicêmicos e de insulina, a dieta hiperproteica pode inclusive representar uma prevenção para perda de função renal.

Fernando Querne, urologista, médico da empresa FQSPORTS, pós-graduado em Medicina do Esporte na instituição de ensino Universidade Veiga de Almeida – UVA.