05 / 08 / 16

“Dorotéia”, de Nelson Rodrigues

Espetáculo comemora os 60 anos de carreira de Rosamaria Murtinho e traz Letícia Spiller como a prostituta Dorotéia

 “Dorotéia”, de Nelson Rodrigues

Críticas:

“Rosamaria Murtinho e Letícia Spiller brilham no palco com Dorotéia.” Lionel Fischer

É possível que essa seja a melhor encenação de Dorotéia dentre as poucas versões oficiais do texto. Imperdível” Rodrigo Monteiro

Dorotéia surgiu como um tsunami no panorama teatral do primeiro trimestre de 2016, com retumbante sucesso…, constituindo-se, desde já, naquilo que será considerado, ao final do ano, um dos melhores espetáculos da temporada em curso.” Gilberto Bartholo

Rosamaria Murtinho em "Dorotéia"

Rosamaria Murtinho em “Dorotéia”

Rosamaria Murtinho e Letícia Spiller estão juntas em cena, como a fera e a bela, nesta montagem de “Dorotéia”, texto de Nelson Rodrigues, com direção e encenação de Jorge Farjalla. Rosa interpreta a protagonista Dona Flávia, uma mulher feia, frustrada e infeliz que faz de tudo para destruir a beleza da prima Dorotéia, ex- prostituta, uma pecadora incorrigível, porém arrependida, vivida por Letícia. Ambas encenam pela primeira vez um texto de Nelson Rodrigues.

“Sempre interpreto mulheres ricas e sofisticadas. Queria uma personagem que me desconstruísse completamente, e pedi isso ao Farjalla”, revela Rosamaria, que idealizou o projeto junto com o diretor, dentro das comemorações de seus 60 anos de carreira.

Letícia Spiller se descobriu apaixonada por “Dorotéia”. “Logo que comecei a estudar teatro, o meu desejo era fazer essa peça”, lembra ela que, mais de 20 anos depois, enfim recebeu o convite do diretor Jorge Farjalla e de Rosamaria Murtinho para encená-la.

Letícia Spiller em "Dorotéia"

Letícia Spiller em “Dorotéia”

“Sou um privilegiado por trabalhar com duas gerações de grandes atrizes, com personagens de peso e no texto de Nelson. A energia que a Letícia tem é exatamente o que eu queria para a Dorotéia e Rosinha traz a visceralidade peculiar à Dona Flávia”, diz Farjalla.

“Dorotéia”, escrita em 1949, fechou o ciclo das obras do teatro desagradável de Nelson Rodrigues, classificado pelo crítico Sábato Magaldi como “peças míticas”. O texto é uma ode à beleza da mulher onde a heroína, título da obra, segue em busca da destruição de sua própria beleza para se igualar à feiúra de suas primas: Dona Flávia, Maura e Carmelita. Numa casa só de mulheres, sem quartos e onde há mais de 20 anos não aparece um homem, chega Dorotéia, uma ex-prostituta arrependida, que quer se redimir de seus pecados. Procura abrigo na sua família e é, em alguns momentos, questionada por Dona Flávia, a prima mais velha, que, mesmo com sua raiva, implicância e orgulho, faz de tudo para removê-la da idéia, às vezes com uma nesga de afeto, de fragilidade e disfarçados gestos de acolhimento, mas contando que ela aceite as condições de viver naquela casa e se tornar tão feia quanto o resto da família.

É uma mistura de sonho, pesadelo, desatino e destino irremediável. Por um momento paira a esperança de que a maldição não se cumprirá, mas ela é irrecorrível. As imagens e símbolos da obra de Nelson Rodrigues são um espelho irônico do desespero do autor expondo sua visão desencantada do espírito humano e, ao mesmo tempo, enfeitiçada por suas contradições, além da exposição sobre a histeria e sobre o amor impossível recorrentes do início do século.

Ancorada na obra de um dos maiores dramaturgos do Brasil, a montagem de “Dorotéia” faz uma releitura desse clássico e traz à cena uma leitura particular da única farsa escrita por Nelson Rodrigues, mantendo e ampliando o diálogo com questões contemporâneas, através do olhar de Jorge Farjalla e do trabalho do elenco que conta, além de Rosamaria e Letícia, com Alexia Deschamps (Maura), Dida Camero (Dona Assunta), Anna Machado (Maria das Dores) e Jaqueline Farias (Carmelita).

Outro ponto alto do espetáculo – e que o diferencia das demais encenações – é o coro masculino, não presente na obra, batizado pela direção como “Homens Jarro” que representa tanto a aparição do signo “jarro”, símbolo que está no texto, como os homens que passaram pela vida da ex-prostituta. Esse coro permeia a encenação executando ao vivo os sons e a trilha do espetáculo.

Com cenografia de Zé Dias, figurinos de Lulu Areal e direção musical de JP Mendonça, a peça tem ainda, como Homens Jarro, os atores/músicos Bastian Estevan, Pablo Vares, André Américo, Du Machado, Daniel Veiga Martins e Rafael Kalil.

 

Sinopse

Dona Flávia, a matriarca da família, recebe Dorotéia, ex-prostituta, que largou a profissão após a morte do filho e vai buscar abrigo na casa de suas primas, onde, junto com Dona Flávia, vivem Maura e Carmelita, num espaço sem quartos e onde há 20 não entra homens. Três viúvas puritanas e feias que não dormem para não sonhar e, portanto, condenadas à desumanização e à negação do corpo, dos sentimentos e da sexualidade.

Arrependida, Dorotéia procura abrigo na sua família e é, em alguns momentos, questionada por Dona Flávia, a prima mais velha, que, mesmo com sua raiva, implicância e orgulho, faz de tudo para removê-la da idéia, às vezes com uma nesga de afeto, de fragilidade e disfarçados gestos de acolhimento, mas contando que ela aceite as condições de viver naquela casa. Dorotéia, linda e amorosa, nega o destino e entrega-se aos prazeres sexuais. Este é seu crime, e por ele pagará com a vida do filho e buscando a sua remissão.

Na história desta família de mulheres, o drama se inicia com o pecado da avó, que amou um homem e casou-se com outro. É neste momento que recai sobre todas as gerações de mulheres da família a “maldição do amor”. Elas estão  condenadas a ter um defeito de visão que as impede de ver qualquer homem, se casam com um marido invisível e sofrem da náusea nupcial – único sinal de contato que teriam em toda vida com o sexo masculino. Dorotéia, em troca de abrigo, aceita se tornar tão feia e puritana como as primas.

Ficha Técnica
Texto: Dorotéia
Autor: Nelson Rodrigues
Diretor: Jorge Farjalla
Assistente direção: Diogo Pasquim / Raphaela Tafuri
Elenco: Rosamaria Murtinho, Letícia Spiller, Alexia Deschamps, Dida Camero, Anna Machado e Jaqueline Farias
Homens jarro (músicos): Bastian Esteban, Pablo Vares, André Américo, Du Machado, Daniel Veiga Martins e Rafael Kalil
Cenografia: Zé Dias
Figurino: Lulu Areal
Direção musical: JP Mendonça
Produção Executiva: Sandra Valverde
Coordenação de Produção: Lu Klein

Serviço
Espetáculo: “Dorotéia”
Texto: Nelson Rodrigues
Categoria: Farsa irresponsável
Direção e Encenação: Jorge Farjalla
Elenco: Rosamaria Murtinho, Letícia Spiller, Alexia Deschamps, Dida Camero, Anna Machado e Jaqueline Farias
Local: Teatro Deodoro
Temporada: 26, 27 e 28 de agosto
Horário:  Sexta- feira:  21horas    sábado: 21 horas     e domingo: 20 horas
Preço: R$ 90,00 (inteira) e R$  (meia) R$ 45,00
Vendas: Viva Alagoas (Maceió shopping, Folia Brasil (G Barbosa Stella Maris) e Acesso Vip (Parque Shopping e Unicompra Farol)
Classificação: 16 anos
Duração: 90 min
Informações: 3032 5210 / 99601 2828

Fonte: GA – Gustavo Alcântara

Gigi Accioly

Holofote @gigiaccioly - Jornalista (MTB 1468AL), colunista social do Jornal Primeira Edição (impresso/online); Assessora da Tehron - Núcleo de Comunicação; Realiza assessoria de imprensa e marketing; É cerimonialista e mestre de cerimônias; Editora-chefe e colunista da Revista Evidência Cosmopolita (Impressa), 1999/2015, AL; Colunista e editora da revista evidencia.com (EVDCIA on line); ex-apresentadora de TV, "Programa Gente em Evidência" exibido pela TV EVDCIA, TV Alagoas (SBT) e TV Mar; publicitária. Membro do Grupo Literário Alagoano (GLA); Ex-membro da ALANE/AL - Academia de Letras e Artes do Nordeste Brasileiro (Núcleo Alagoas); Comendadora (Comenda Professor Doutor Sebastião Palmeira (instituída pela Academia Maceioense de Letras). Diretora Regional em Alagoas da MBA - Mídia Brasil Associados; membro associada à FEBRACOS – Federação Brasileira de Colunistas Sociais. Ex-diretora de comunicação social da Soamar/AL. - Sociedade Amigos da Marinha de Alagoas; Colunista do extinto portal Ciro Batelli – Unique Style (SP e Las Vegas).

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