20 / 01 / 17

​UMA HISTÓRIA RÁPIDA SOBRE A VIDA por Jeff Severino

 

Ouço muita gente reclamando da vida, do que fez mas, principalmente do que deixou de fazer. ​ ​É triste olhar para tr​á​s e perceber que não se fez nada, não saiu da sua zona de conforto, não tomou atitudes diante da sua própria realidade. Ficou ali no seu​ ​mundo criticando quem ousa mudar. Tem gente pior do que ​aqueles que nos tiram os sonhos?

 

Era uma vez uma mulher com seus sessenta anos de idade, hoje uma coroa, como se diz, antigamente uma vovó. Hoje com tantas opções, podemos retardar nossa velhice, não com photoshop, snapchat ou makeup, aplicativos que nos fazem pagar micos. Mostramos mais uma vez o que não somos. Permanecemos em nossa zona de conforto, preocupamo-nos com a nossa aparência externa e nos descuidamos violentamente com nossa beleza interna, aquela espiritual que mostra de fato a nossa idade. 

 

Essa mulher percebeu que tinha vivido toda a sua vida na mesma cidade pequena. Passou décadas pensando em realizar alguma coisa. E sempre pensava: quando eu tiver isso eu faço aquilo, quando eu conquistar ​mais um pouco, realiso outro desejo, principalmente sonhando em viajar e conhecer o mundo, ela nunca tinha dado um único passo ​para tornar este sonho uma realidade…  Vou fazer isso e aquilo e assim por diante. Sempre estamos esperando o momento ideal, só que a vida passa, a vida segue… 

 

​​Finalmente, ela acordou na manhã de seu 65º aniversário e decidiu que agora era a hora ! Ela vendeu todos seus pertences, exceto alguns itens essenciais que ela iria precisar. Colocou tudo dentro de uma mochila e começou sua jornada para o mundo. Os primeiros dias na estrada foram surpreendentes e cheios de medo. A cada passo em frente, ela sentia como se estivesse finalmente vivendo a vida que tinha sonhado, mas tinha receio do que iria encontrar. É tem gente que tem medo da vida, tem medo de viver. 

 

Mas poucas semanas depois, os dias na estrada começaram a lhe cobrar um pedágio. Ela sentiu-se deslocada, sentiu que havia deixado para trás os confortos da sua vida antiga. Como seus pés e pernas mais doloridos cuja dor aumentava a cada passo, seu humor ficou cada vez pior, insuportável pra dizer a verdade. 

 

Em certo momento ela parou de andar, tirou a mochila das costas, colocou-a no chão, atrás de si e sentou-se, enquanto as lágrimas corriam grossas pela sua face. Ela olhou perdidamente pela estrada longa e sinuosa que dias atrás d​a​va-lhe a impressão que a levaria a um mundo incrível, mas que naquele momento só a levara a mais completa ​desilusão, desconforto e infelicidade. “Eu não tenho nada! Não tenho mais nada na minha vida​ “​!​ Ela gritou com toda a força dos seus pulmões.  

 

Coincidentemente, um guru muito famoso e conselheiro de muita gente em uma aldeia próxima estava descansando silenciosamente atrás de um pinheiro muito próximo ao local onde a mulher estava sentada. Quando a mulher começou a gritar, o guru ouviu cada palavra e sentiu que era seu dever ajudá-la. Sem pensar duas vezes, ele pulou ​de trás do pinheiro, sorrateiramente, pegou sua mochila e correu para dentro da floresta que ficava ao lado da estrada, sem que a mulher percebe-se durante os seus gritos.  

 

Quando caiu em si e percebeu que sua mochila havia sumido, ficou atordoada, não acreditando no que estava acontecendo. Aí então ela começou a chorar de verdade a pont​o​ de lhe faltar o ar e lágrimas. 

 

“Essa mochila era tudo que eu tinha e agora ela se foi Agora tudo se foi na minha vida​ ​! ” ​ Após cerca de dez minutos de lágrimas que geralmente são extremamente necessárias, a mulher gradualmente se recompôs, levantou-se novamente e começou a cambalear lentamente pela estrada. Enquanto isso, o guru cortando caminho pela floresta, colocou sem ela perceber,​ a mochila na próxima curva da estrada, um pouco distante a sua frente. 

 

Quando os olhos cheios de lágrimas da mulher visualizaram a mochila, ela quase não acreditou. Como isso é possível ?  Tudo o que ela pensava que tinha perdido, acabado, estava ali, bem a sua frente. Ela ria e chorava ao mesmo tempo de alegria. Ria de orelha a orelha. 

 

“Oh, graças a Deus!”, exclamou ela, a mulher. “Eu sou tão grata! Agora eu definitivamente tenho o que eu preciso para continuar em frente … ” 

 

​É​ isso ! Por que precisamos perder alguma coisa para nos aperceber do que realmente temos? Em dados momentos da nossa jornada, em nossa vida pessoal, profissional ou ambas, inevitavelmente haverá momentos de frustração e desespero. Durante esses tempos difíceis, as vezes, parece-nos que perdemos tudo, e que nada e nem ninguém poder​á​ motivar-nos a seguir em frente na direção de nossos sonhos. Mas, assim como a mulher encontrou um guru em sua vida, todos nós estamos levando em nossas costas uma mochila pesada ou não, e sempre estamos encontrando a nossa frente um gur​u​, que pode ser uma palestra, um e-mail, um sms, um whats, um post ​n​o face ou ​in​stagra​m​, de alguém que respeitamos e acreditamos ,​ou um livro, um filme, um vizinho, um andarilho, enfim, se ​observarmos bem, já tivemos dezenas ou centenas de guru​s​ em nossa vida e nem nos demos conta disso. Chamam-nos a​ atenção, nos dão a realidade e geralmente a gente replica e não muda em absolutamente nada, continuamos a manter nossas apar​ê​ncias, virtuais ou não. 

 

Aí, quando nos sentimos desencorajados e desmotivados, as dificuldades duplicam, mas ao mesmo ​t​empo se multiplicam as boas oportunidades desde que sai​a​mos da nossa zona de conforto e tomemos atitudes concretas e realistas. 

 

Para reconhecer e apreciar nossos “gurus”, que tiram nossas mochilas a fim de que possamos finalmente ver o que temos e o que estamos fazendo das nossas vidas, preocupando-nos com o TER e esquecendo do SER é preciso estarmos atentos a​s​ realidade​s​ da vida. 

 

Esses percalços, mudanças, atitudes que fazem nosso coração bater mais rápido no peito e acelerando nossas mentes são as nossas fontes internas de motivação – que têm o poder imenso de nos empurrar de volta ao nosso caminho, a fim de que não passemos uma vida somente imaginando, mas que nos possibilite tornar realidade aquilo que se​m​pre desejamos​ ser​. 

 

Não importa as nossas circunstâncias, nós sempre temos que dar o​ ​próximo passo, mesmo que seja pequeno, mas precisamos começar a caminhar e dependermos de nós mesmos.  

 

Como Epicuro de Samos​, um filósofo grego que teve seu pensamento muito difundido a partir do século I, em Roma, onde Lucrécio foi seu maior divulgador, tão profundamente disse: “Não estrague o que você tem por desejar o que não tem; lembre-se que o que você tem agora foi uma vez uma daquelas coisas que você só esperava”.

 

Estar atento. 

 

Estar presente.

 

Um pequeno passo de cada vez. ​​ 

 

É a vida que segue. É pra frente que se anda !

Jeff Severino - Florianópolis/SC

Viagens & TurismoJornalista/fotógrafo, diplomado pela Universidade do Sul de Santa Catarina - Unisul - Campus Pedra Branca - Diretor de Comunicação da Associação Catarinense de Colunistas Sociais, Relações Públicas da ABIME - Associação Brasileira de Mídia Eletrônica, Diretor de Comunicação da ABRAJET-SC, Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo, editor de um portal e de um blog, além de membro da FEBRACOS - Federação Brasileira de Colunistas Sociais e FENAJ - Federação Nacional de Jornalistas. Sou colaborador/colunista de diversas revistas e jornais de circulação nacional, começando pela Revista Evidência Cosmopolita em Maceió à Revista OQ em Joinville - SC.

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