08 / 04 / 17

O PENSAMENTO FANÁTICO DAS TRIBOS INÚTEIS MATA A VERDADEIRA ANÁLISE DO TODO – por Jeff Severino

 

Um dos fenômenos mais aterrorizantes dessa era de redes sociais é a imbecilidade do tribalismo. 

Indivíduos logo encontram seus pares e formam grupos fanáticos, tribos virtuais, e a partir de então a análise independente dá lugar à torcida cega, ferrenha e tosca. A fidelidade em defender esta ou aquela pessoa, perde qualquer noção de princípios, lisura, consciência, responsabilidade. Vibra, torce, chora, perde noites de sono pela mais completa idiotia e pior, tem gente que paga para ter acesso a isso tudo. 

Não há limites. É uma idiotia que lembra a música de Zé Ramalho “Eeeee vida de gado… povo marcado e, povo feliz”. São pessoas lobotomizadas pela rede bobo, num dos programas mais degradantes da tv brasileira. Repito não há princípios e a polarização é imediata de forma monolítica. Companheiros e inimigos: o mundo acaba reduzido a essa fórmula binária, dentro de uma casa, com milhões de votantes que superam qualquer eleição presidencial e que poderiam fazer um Brasil melhor, mas não, votam no degradante BBB. Pior, pagam para votar. 

Não assisto, não discuto e quando começam a falar disso a minha volta simplesmente me retiro, pois falar contra, é perder tempo. É a mesma coisa que discutir contra um petista. São pessoas que de fato são de fácil manuseio mental, massas de manobras alheios a realidade em que vivem. 

Coisas realmente estranhas ocorrem por conta disso. Figuras claramente ambíguas, do nada, acabam se transformando em ícones da perfeição ou são demonizados por completo. Chega-se ao oposto do nefasto relativismo: as “convicções” de que “os seus” nunca erram, e “os outros” sempre erram. Não há nada “in between”, o cinza desaparece, dando lugar apenas ao preto e ao branco. Malabarismos são feitos para sustentar as incoerências dentro do grupo. Transe, beba, polícia, pensão alimentícia… tudo nivelado por baixo, principalmente os expectadores. 

São mentiras, falsidades, mediocridades, imoralidades levadas ao extremo pelo tal “grande irmão”. Por três vezes tive o desprazer de tentar analisar, pois não tinha o que fazer numa sala de espera de um consultório médico e na sala de embarque no aeroporto. 

Não existe senso crítico ! O que leva um “médico” a participar de um programa desses? Médico que nessas mesmas redes sociais é acusado de bandido, notícias e processos de roubo. Provavelmente noticias falsas plantadas pelos ferrenhos “torcedores” contrários. Quem é essa “celebridade” que causa uma desgraça, mente, transa feito coelho embaixo do edredom, realiza desejos sexuais que viraliza nas redes sociais “goza em minha boca” e que segundo as notícias postadas nas redes sociais seria uma garota de programa, daquelas que acompanham executivos? Noticias fantasiosas dos torcedores contrários os quais fazem qualquer coisa e dizem que ela será a vencedora do BBB? Chegar a tal “situação” por 1,5 milhão?

Mas segundo as “verdadeiras notícias” das redes sociais é muito mais do que isso. É a “fama”, são às páginas da playboy, são os futuros investimentos das grifes de roupas, calçados, perfumes…, enfim, é o vale tudo por dinheiro. E cada um ali com sua etiqueta de valor exposta para todos pagarem. Sim, tem que invista nisto. É inacreditável a falta de valores nos dois lados da mesa. Quem diria que Silvio Santos, com toda sua competência, seriedade e honestidade com seu “quem quer dinheiro”, faria escola, só que uma “escola onde o valor humano tem um preço, diga-se de passagem muito baixo.

Cada membro daquela casa tem uma história triste ou medonha segundo as “verdadeiras” redes sociais. As fake news demonstram que todos ali foram escolhidos a dedo e seguem impreterivelmente um script ditado pelo “grande irmão”. É ele quem diz o que se pode e deve fazer em busca de grana além de audiência. Por isso não assisto a tal rede ha longos anos. 

Senso crítico talvez seja a expressão mais importante aqui. Ele é a primeira vítima numa “guerra sem escrúpulos”, pois precisa-se fazer de tudo para defender esse ou aquele “brother”. São chamados de “soldados, heróis” e eliminar os “inimigos” é a regra geral. 

Comentar sobre essa idiotia “globalizada” é medida arriscada mesmo. Estou avaliando e refletindo, atitudes incomuns na era das redes sociais, com milhões de “especialistas” em tudo. O programa é mais importante que tudo e essa turma que vota nessas criaturas grotescas não se indigna com o sofrimento das crianças vítimas de armas químicas, não vota nas eleições, leva a vida empurrando com a barriga, olham passivamente a tanta barbárie; não se engajam a causas humanitárias… Ou seja, eis o ponto: qualquer coisa vale tudo, vale a noite mal dormida, vale a grana gasta em telefonemas, o tempo perdido em frente a telinha, a falta de vida própria, a falta de uma boa leitura e tudo a favor das discussões nas redes sociais. O viés ideológico mata a verdadeira análise.

É uma pena ver o desespero e a adesão de milhões em se posicionar de forma definitiva e favorável a tamanho absurdo, onde esse absurdo é o farol que norteia os desavisados, os carentes, os solitários que acabam abraçando qualquer teoria desde que ela ajude a fazer seu “jogador”, seu “brother” soar como alguém que “sabe das coisas”. 

A certeza que fica neste momento, é que ninguém pode ter certeza absoluta de nada. Quem falar que tem é mentiroso, iludido, inocente ou louco. Todavia, todos são perdedores. Todos somos perdedores, com exceção da falida rede que angaria bilhões com a tolice alheia. 

Mas, como dizia Bertrand Russell, “o problema com o mundo é que os idiotas e fanáticos estão sempre certos de si mesmos, mas as pessoas mais sábias estão tão cheias de dúvidas”. Alimentar um pouco mais de dúvida em meio a tantas “certezas” talvez seja a postura mais sábia mesmo. E se esforçar para evitar o tribalismo, que mata a análise em troca da torcida, faz-se fundamental para se evitar equívocos monumentais.

“Se você pudesse me dizer
Se você soubesse o que fazer
O que você faria
aonde iria chegar…

Se você soubesse quem você é
Até onde vai a sua fé
O que você faria
pagaria pra ver

Se pudesse escolher
Entre o bem e o mal
Ser ou não ser…
Se querer é poder
Tem que ir até o final
se quiser vencer…

Se pudesse eu te levaria
Até onde você quer chegar
O brilho das estrelas
O primeiro lugar

O mundo é perigoso
E cheio de armadilhas
De mistério e gozo
Verdades e mentiras

Viver é quase um jogo
Um mergulho no infinito
Se souber brincar com fogo
Não há nada mais bonito”.

Jeff Severino - Florianópolis/SC

Viagens & TurismoJornalista/fotógrafo, diplomado pela Universidade do Sul de Santa Catarina - Unisul - Campus Pedra Branca - Diretor de Comunicação da Associação Catarinense de Colunistas Sociais, Relações Públicas da ABIME - Associação Brasileira de Mídia Eletrônica, Diretor de Comunicação da ABRAJET-SC, Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo, editor de um portal e de um blog, além de membro da FEBRACOS - Federação Brasileira de Colunistas Sociais e FENAJ - Federação Nacional de Jornalistas. Sou colaborador/colunista de diversas revistas e jornais de circulação nacional, começando pela Revista Evidência Cosmopolita em Maceió à Revista OQ em Joinville - SC.

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