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O Dilema Ético dos Médicos: Respeitar a Autonomia dos Pacientes ou Salvar Vidas?

foto: @orlandocostaportfolioO Dilema Ético dos Médicos: Respeitar a Autonomia dos Pacientes ou Salvar Vidas?

Dr. Luiz Guilherme Camargo de Almeida

Olá sapiens,

Como médico clínico geral e conselheiro regional de medicina, frequentemente me deparo com dilemas éticos complexos que exigem um delicado equilíbrio entre respeitar as escolhas dos pacientes e agir para salvar vidas. Um desses dilemas emerge no contexto dos pacientes Testemunhas de Jeová, cujas crenças religiosas proíbem a transfusão de sangue, mesmo em situações de risco de vida.

As Testemunhas de Jeová são conhecidas por sua recusa em receber transfusões de sangue, baseando-se em interpretações específicas de passagens bíblicas que enfatizam a sacralidade do sangue. Para esses pacientes, a aceitação de uma transfusão de sangue vai contra suas convicções religiosas profundamente arraigadas.

Como médicos, somos obrigados a respeitar a autonomia e a dignidade de cada paciente, permitindo-lhes tomar decisões informadas sobre sua própria saúde e tratamento. Isso significa que devemos fornecer informações detalhadas sobre todas as opções de tratamento disponíveis, incluindo alternativas à transfusão de sangue, e respeitar as decisões dos pacientes, desde que estejam mentalmente competentes e capazes de tomar uma escolha informada.

No entanto, o princípio da autonomia do paciente não é absoluto. Ele deve ser equilibrado com outros princípios éticos, como o princípio da beneficência, que nos obriga a agir no melhor interesse do paciente para promover sua saúde e bem-estar.

Quando nos deparamos com um paciente Testemunha de Jeová em uma situação de emergência médica que requer transfusão de sangue para salvar sua vida, somos confrontados com um dilema ético angustiante. Por um lado, queremos respeitar as crenças e escolhas do paciente. Por outro lado, temos a obrigação moral e profissional de agir para preservar a vida do paciente.

Nesses momentos difíceis, os médicos enfrentam a difícil tarefa de equilibrar esses princípios éticos conflitantes. Embora devamos respeitar a autonomia dos pacientes tanto quanto possível, também devemos estar preparados para intervir em casos de emergência para salvar vidas, mesmo que isso signifique administrar uma transfusão de sangue contra a vontade do paciente.

É importante destacar que, em tais situações, os médicos devem agir de acordo com as políticas e diretrizes estabelecidas pelo hospital ou instituição de saúde, consultar colegas e conselheiros regionais, e buscar consentimento da família do paciente, se possível.

Em última análise, enfrentar esse dilema ético requer reflexão cuidadosa, compaixão e sensibilidade para com as necessidades e valores dos pacientes. É uma responsabilidade que os médicos assumem com humildade e respeito pela vida e dignidade de cada indivíduo que atendemos.

Cuidem-se,
Luiz Guilherme Camargo de Almeida
Conselheiro Regional de Medicina por Alagoas
Presidente da Regional Alagoas da Sociedade Brasileira de Clínica Médica
Clínico Geral, Nefrologista
Médico

O Dilema Ético dos Médicos: Respeitar a Autonomia dos Pacientes ou Salvar Vidas?

Luiz Guilherme Almeida

Saúde e Bem-estar Luiz Guilherme Almeida (CRM/AL 6134 | RQE 3731)Luiz Guilherme é médico nefrologista, Founder & Relationship Leader PRECEP 5G CEO & Founder grupo de atenção à hipertensão e síndrome metabólica (GAHAS) Representante de alagoas no departamento de hipertensão arterial da sociedade brasileira de cardiologia DHA SBC Conselheiro regional de medicina em alagoas (CREMAL) Conselheiro científico e ex-diretor sociocultural e intercâmbio da sociedade de medicina de alagoas (AMB – AL)

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