A Pandemia Digital
Os avanços da tecnologia da informação são palpáveis e a capacidade de lidar com dados é espantosa
“A tecnologia digital é a arte de criar necessidades desnecessárias
que se tornam absolutamente imprescindíveis.” (Juliano Bastide)
A Pandemia Digital
Vivemos num mundo em que os biólogos estão procurando decifrar de que maneira funciona nosso corpo, o cérebro principalmente, e os cientistas da Inteligência Artificial nos passando um inigualável poder no processamento de dados. Certamente que no encontro dessas duas vertentes vão poder compreender nossos sentimentos e assim monitorá-los melhor que cada um de nós. Nossas decisões tendem a ser tomadas por um computador.
Pandemia do Covid à parte, o dia a dia segue num caminho que vamos ter um ótimo serviço de saúde e remédios super adequados, mas ao mesmo tempo estar sempre doentes porque haverá alguma coisa desconforme em nosso corpo que será detectado pelos algoritmos. E aí? Algum seguro-saúde nos vai aceitar, se vamos estar sempre doentes? Será que nossa empresa nos vai demitir porque não quer correr o risco de ter um empregado que vai trabalhar doente? Essas e outras perguntas de igual teor vão passar a ser feitas e nesse momento não temos respostas e, no tempo, novas soluções já deverão ter sido gestadas.
Os avanços da tecnologia da informação são palpáveis e a capacidade de lidar com dados é espantosa. Não resta a menor dúvida que as formas de nos comunicar são incontáveis, mas a maioria não consegue transformar informações em ações efetivamente produtivas. Cada dia aparece uma inovação, e isso é realmente uma revolução, que aos poucos vai minando a nossa privacidade e nos deixando escravos do celular. Pela internet as pessoas fazem negócios, conversam com amigos, compartilham fotos, buscam a outra cara metade, namoram, implantam fatos sem compromisso com a verdade e distorcem a informação correta para atingir objetivos inconfessáveis.
Sem medo de errar, podemos afirmar que nem toda inovação se traduz em aumento de produtividade. Existe uma métrica chamada Produtividade Total dos Fatores (PTF), cujo objetivo é isolar o peso da inovação no crescimento da economia e nela podemos verificar que várias atividades têm impactos econômicos diretos e outras não. Quando vamos observar com lupa, vemos que o reflexo na vida dos consumidores é muito pequeno e, consequentemente, de pouca relevância na produtividade geral da economia.
Vocês já devem ter visto alguma entrevista de executivos do INSS. Como é fácil resolver problemas pelos meios digitais. Vão lá no site e sigam os passos que eles dizem para fazer e vejam se conseguem algum sucesso. Para fazer um pagamento, uma beleza: rápido e eficiente. Tentem cancelar um cartão de crédito ou uma linha telefônica: você liga e um robô automaticamente vai pedindo seus dados, armazenando e mostrando tudo que os bancos, ou as empresas de serviços, oferecem, menos aquela opção de cancelamento. Depois de uns 25 minutos ou mais, ainda tem uma musiquinha chata para você ouvir até que consegue falar com outro ser humano. Esse vai identificar o que você deseja, oferecer uma monte de vantagens para você não cancelar o serviço e com a sua negação diz que vai passar para a pessoa certa no tratamento do assunto. A ligação cai e você tem que repetir tudo.
Certamente que esse procedimento abusivo de quem oferece o serviço merece uma legislação tipo “freio de arrumação” porque os consumidores perdem muito tempo, deixam de produzir em outras situações e, portanto, ficam posicionados em posturas menos relevantes quando se fala na ampliação da produtividade geral da economia.
A Pandemia Digital
Por Geoberto Espírito Santo
GES Consultoria, Engenharia e Serviços