09 / 04 / 24

DIMENSÕES DA ENERGIA

DIMENSÕES DA ENERGIA

Através do processo rotativo, em 1º de dezembro de 2023 o Brasil assumiu a presidência do G20, mandato que se estende até 30 de novembro de 2024, quando será feita nova rotação na Cúpula de Chefes de Estado e de governo, que se realizará nos dias 18 e 19 de novembro de 2024 na Marina da Glória, Rio de Janeiro. Para a cúpula do G20 de 2024 foi criado um Grupo de Trabalho (GT) de Transições Energéticas, que é coordenado pelo Secretário Nacional de Transição Energética e Planejamento do Ministério de Minas e Energia, Thiago Barral, contando com a participação do ministro João Marcos Paes Leme, diretor do Departamento de Energia do Ministério das Relações Exteriores (MRE).

Em seu relatório Tendências de Investimento na Transição Energética 2024, publicado pela BloombergNEF (BNEF), o investimento global na transição de energia de baixo carbono no ano passado foi de US$ 1,77 trilhões, um incremento de 17% em relação a 2022. Quando se fala nesse tipo de investimento, eles são colocados nos seguintes setores: energia renovável, transporte eletrificado, redes elétricas, aquecimento elétrico, armazenamento de energia, captura e armazenamento de carbono, nuclear, indústria limpa, hidrogênio e navegação limpa. Em ordem decrescente, os 10 maiores investidores em 2023 foram: China, Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, França, Brasil, Espanha, Japão, Índia e Itália.

A China continua em 1º lugar nesse mercado, quando investiu US$ 676 bilhões, montante que representa 38% do total aportado mundialmente. Vale salientar que, mesmo sendo a primeira no ranking, houve uma redução de 11% em relação a 2022. Em 2º lugar vem os Estados Unidos com US$ 303 bilhões, recursos financiados que representam 22% do total mundial investido. O Brasil, posicionado na 6ª colocação, investiu US$ 34,8 bilhões. O setor global em que houve o maior investimento foi no transporte eletrificado quando foram aplicados US$ 634 bilhões, nele incluídas as despesas com veículos elétricos e infraestrutura de carregamento, um incremento de 36% em relação 2022. Na 2ª posição estão os investimentos em energia renovável, com US$ 623 bilhões, aumento de 8% em relação em relação a 2022. Em 3º lugar aparecem as redes elétricas, com um aporte total de US$ 310 bilhões.

Os investimentos nos outros setores citados foram os seguintes: aquecimento elétrico (US$ 63 bilhões); indústria limpa (US$ 49 bilhões); armazenamento de energia (US$ 36 bilhões); energia nuclear (US$ 33 bilhões); captura e armazenamento do carbono (US$ 11,1 bilhões); hidrogênio (US$ 10,4 bilhões); e navegação limpa (US$ 385 milhões). Apesar dos investimentos em tecnologias de energia limpa já sejam vultosos, a BNEF diz que precisam ter um crescimento superior a 170% para se alinhar com o cenário Net Zero e para que possam ser cumpridas as metas do Acordo de Paris. Isso significa uma média anual de US$ 4,8 trilhões em 2024, ou seja, praticamente o triplo do que foi investido em 2023.

Na primeira reunião do GT brasileiro, tendo como cenário essa visualização, foram apresentadas três frentes para a realização dos trabalhos e foi feito um balanço das suas atuais situações. Essas três frentes a serem trabalhadas no GT são: acelerar e reduzir o custo do financiamento para a transição energética; impulsionar os combustíveis sustentáveis; e incorporar a dimensão social.

No caso do financiamento dos projetos para a transição energética, é preciso acelerar e reduzir o custo do financiamento, principalmente nos países em desenvolvimento e nas economias emergentes. É fundamental que o Brasil tenha marcos regulatórios específicos, estabilidade nas regras e respeito aos contratos, princípios que são corroborados pelos países membros do G20. Países que possuem instituições e processos bem estruturados de planejamento energético são vistos como possuidores de uma maior capacidade de ter políticas públicas mais consistentes e permanentes, atributos vitais para a atração do investimento privado. Outrossim, precisamos ter maior capacidade de transparência no uso do gasto público pois esse é também um ponto fundamental para a captação de recursos.

A questão da transição energética tem sido mundialmente considerada de urgência porque a geração e o consumo de energia se encontram na raiz dos fenômenos das mudanças climáticas, efeitos que podem ser percebidos no dia-a-dia das pessoas. Em 2023, a Agência Internacional de Energia (IEA, sigla em inglês) registrou que cerca de 70% dos investimentos foram feitos nos países desenvolvidos e na China e os 30% restantes nas demais nações. Portanto, falta calibração para impulsionar o investimento em tecnologias sustentáveis porque o maior percentual dos recursos é aplicado nos países desenvolvidos e os demais, que estão situados ao Sul do globo terrestre, têm mais dificuldade para fazer esses aportes de capital.

É muito difícil falar em transição energética quando 2,3 bilhões de pessoas, que se encontram abaixo da Linha do Equador, não têm acesso aos combustíveis limpos e ainda usam fogões primitivos e ineficientes para cozinhar seus alimentos. Buscar lenha para cozinhar fazendo longos percursos é mais prejudicial para as mulheres, ficando as famílias de baixa renda mais expostas aos riscos de uma expectativa de vida menor por causa da intoxicação, pois não têm acesso aos melhores métodos de preparar comida. A transição energética tem que ser justa e é imperioso que a dimensão social e o combate à pobreza energética sejam considerados fundamentais nesse processo.

O Brasil tem alguns exemplos a dar, com o Programa Luz Para Todos (PLPT) e o Programa Energias da Amazônia. Para o enfrentamento dessa urgente questão social, temos muitas possibilidades de produzir energia e soluções combinadas com o uso da eletricidade, solar fotovoltaica, biomassa e gás natural. Nessa fase em que o Brasil ficará na presidência do G20, ainda serão realizadas 130 reuniões, podendo ser em formato presencial ou virtual. No caso das reuniões presenciais, elas serão realizadas em 15 cidades, nas cinco regiões do Brasil.

DIMENSÕES DA ENERGIA
Geoberto Espírito Santo
GES Consultoria, Engenharia e Serviços

Geoberto Espírito Santo

SinergiaGeoberto Espírito Santo é Engenheiro Civil, formado em 1971 pela Universidade Federal de Alagoas. Atualmente é Consultor do SINDENERGIA – Sindicato das Indústrias de Energia do Estado de Alagoas e Personal Energy da GES Consultoria, Engenharia e Serviços – GES Consult ATIVIDADES QUE EXERCEU: - Engenheiro da Companhia Energética de Alagoas (CEAL), por 28 anos - Diretor de Operação da Companhia de Eletricidade de Alagoas - CEAL - Secretário de Administração da Prefeitura Municipal de Maceió - Assessor de Coordenação e Planejamento da Empresa de Recursos Naturais do Estado de Alagoas - EDRN - Chefe de Gabinete da Diretoria de Desenvolvimento Energético da CEAL - Assessor da Subcomissão de Minas e Energia do Senado Federal - Diretor de Distribuição e Comercialização da Companhia Energética de Alagoas - CEAL - Consultor em eficiência energética do PNUD / ELETROBRÁS - Secretário Executivo do Núcleo de Eficiência Energética na Indústria (NEEI / FIEA) - Secretário Executivo do Conselho Estadual de Política Energética de Alagoas - CEPE - Secretário de Estado Adjunto de Energia e Recursos Minerais de Alagoas - Vice-Presidente de Planejamento Energético do Fórum Nacional dos Secretários de Estado para Assuntos de Energia - FNSE - Representante da Região Nordeste no Conselho Consultivo da Empresa de Pesquisa Energética – EPE - Diretor Presidente da Gás de Alagoas S.A. – ALGÁS - Vice-Presidente do Conselho Estadual de Política Energética de Alagoas – CEPE - Presidente do Conselho Fiscal da ABEGÁS – Associação Brasileira das Empresas das Empresas Distribuidoras de Gás Natural – ABEGÁS - Professor nas disciplinas de Eletricidade e Eletrotécnica, no Centro de Tecnologia da Universidade Federal de Alagoas – UFAL - Membro do Conselho Estadual de Política Energética – CEPE LIVROS E TRABALHOS PUBLICADOS: - Protestos e Propostas (EDUFAL) - Energia: Um Mergulho na Crise (IGASA) - Política e Modelagem do Setor Elétrico (Imprensa Oficial GRACILIANO RAMOS) - Espírito Cidadão (EDUFAL) - Vários trabalhos sobre energia publicados nos anais de Seminários, Congressos Nacionais e Revista Internacional

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